DESCOBERTAS RELEVANTES
quinta-feira, 26 de junho de 2014
DESCOBERTAS RELEVANTES
A historicidade e autenticidade dos
registros bíblicos tem sido alvo de controvérsia por parte de estudiosos
críticos, cuja forma de pensar é usualmente chamada de alta crítica.4 Nestes
estudos junto com a crítica textual, várias vezes são proferidas declarações
polémicas sobre o que a autoridade escriturística exige e o que ela implica.
Este cepticismo em relação à confiabilidade das Escriturasiniciou-se no Século
XIX e subsiste em muitos círculos acadêmicos. Esta alta crítica acabou por
incentivar pesquisas arqueológicas mais extensas por parte de muitos historiadores
e arqueólogos. O principal objetivo da ciência arqueológica não é provar ou
desacreditar a Bíblia em sentido teológico. Neste sentido, o artigo arqueologia
bíblica se concentra primariamente em pesquisas e descobertas arqueológicas
relacionadas com os relatos bíblicos. Ainda assim, a arqueologia bíblica é uma
matéria de estudo polémica, com várias perspectivas sobre qual o seu propósito
e as suas metas. Analisando os comentários de historiadores e de destacados
arqueólogos,5 podem encontrar-se os mais variados pontos de vista.
O estandarte de Ur: A «Cara da
Guerra». Descoberto por Leonard Woolley nos anos 1920, encontra-se atualmente
no Museu Britânico de Londres.
Para compreender plenamente o
objectivo da arqueologia bíblica é necessário entender a arqueologia como
método científico e a Bíblia como objeto de investigação.
A arqueologia é ao mesmo tempo
técnica e ciência. Como técnica, busca os restos materiais das civilizações
antigas e trata de reconstruir, na medida do possível, o ambiente e as civilizações
de uma ou várias épocas históricas. Trata-se de uma ciência moderna, ainda
considerada recente, com apenas duzentos anos.
Poder-se-ia pensar que a
arqueologia tende a omitir os dados oferecidos pelas religiões e por muitos
sistemas filosóficos. No entanto, além dos artefactos e locais arqueológicos
tais como lugares de culto, relíquias e outros elementos de ordem sagrada bem
como outros objectos cientificamente observáveis, existem aspectos que são
igualmente importantes para a investigação científica arqueológica. Entre estes
estão conceitos imateriais como os ritos, livros sagrados e a cultura. O mito é
usualmente utilizado na arqueologia e na história como uma pista da verdade que
poderá esconder. Esta nova percepção contemporânea do mito motivou a ciência
arqueológica a buscar novos dados nos territórios descritos nos relatos
bíblicos.
Museu de Israel, em Jerusalém,
conserva tesouros apreciados para a investigação e a exploração científica e
bíblica.A arqueologia bíblica é a disciplina que se ocupa da recuperação e
investigação científica dos restos materiais de culturaspassadas que podem
iluminar os períodos e descrições da Bíblia. Usa-se como base de tempo, um
amplo período entre o ano 2000 a.C. e 100 d.C.. Outros preferem falar de
arqueologia da Palestina,6 referindo-se aos territórios situados aoleste e
oeste do Rio Jordão. Esta designação expressa o facto da arqueologia bíblica
estar especialmente circunscrita aos territórios que serviram de cenário aos
relatos bíblicos.
A função da arqueologia bíblica
não é confirmar ou desmentir os eventos bíblicos, nem pretende influenciar
determinadas doutrinas teológicas, tal como a da salvação. Limita-se ao plano
científico e não entra no terreno da fé. Ainda assim, alguns resultados da
arqueologia bíblica podem e têm contribuído para:
·
Aumentar o conhecimento sobre alguns dados históricos descritos nos
relatos bíblicos envolvendo governantes,personagens, batalhas e cidades.
·Descrever alguns detalhes
concretos referidos nos livros bíblicos tais como o Túnel de Ezequias, a
piscina de Siloé, oGólgota, entre outros.
· Fornecer dados que prestam uma
ajuda fundamental aos estudos exegéticos.
Espaço
O espaço geográfico da
arqueologia bíblica envolve as terras bíblicas chamadas, no sentido religioso,
de "Terra Santa". Assim sendo, os trabalhos de pesquisa
centralizam-se especialmente em Israel, Palestina e Jordânia. Também existem
outros cenários mencionados pelos relatos bíblicos com grande importância tais
como o Egito, Assíria, Síria,Mesopotâmia e o Império Aquemênida. Outras regiões
como a Ásia Menor, Macedônia, Grécia e Roma estão particularmente relacionadas
com os relatos do Novo Testamento.
Tempo
Médio Oriente - cenário de acontecimentos que
inspiraram os escritores bíblicos.
Da mesma maneira que os critérios
de espaço variam segundo os diversos pontos de vista de autores diferentes, o
mesmo acontece com os critérios do tempo, ou seja, do período temporal sobre o
qual as pesquisas devem incidir.Peter Kaswalder,8 professor de arqueologia do
Antigo Testamento em Jerusalém, define esse tempo como um período que vai desde
o Século IX a.C., que corresponde às primeiras datações de Jericó,9 até o ano
700 d.C. que marca o início das invasões muçulmanas. Este período de tempo é
muito discutido por alguns autores.
Um segundo período ainda maior e
também referido nos relatos bíblicos tem início na Idade do Bronze, por volta
do ano 2000 a.C.que corresponde desde os Patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó),
até finais do Século I, com a morte do últimoapóstolo, João, o Evangelista, e o
fim da chamada Igreja Apostólica. Estes termos, igreja primitiva ou dos
apóstolos, refere-se à época de vida das primeiras pessoas que se identificavam
como cristãs, tempo em que teriam vivido os apóstolos de Jesus, incluindo Paulo
de Tarso. Este período apostólico terminou com a morte de João, o Evangelista,
numa data desconhecida que se presume rondar o ano 110 d.C..
História
A história da arqueologia bíblica
é tão recente como a da arqueologia em geral. O seu desenvolvimento despontou
com a descoberta de achados de primeira importância para a mesma. Alistam-se em
seguida alguns dos achados arqueológicos bíblicos mais importantes das últimas
décadas segundo a compilação do Centro de Estudos Ratisbone de Jerusalém.
Algumas descobertas relevantes
Uma reconstrução de Jerusalém do
Século I, possivelmente graças à arqueologia Bíblica.
· O Papiro P52:12
O Papyrus P52 da Biblioteca de
Rylands é o texto mais antigo que se conhece do Novo Testamento. Foi descoberto
em 1920, no deserto do Médio Egito, e tornou-se público em 1935.13
· As cavernas de Qumrán14
descobertas em 1947 por beduínos e cujas escavações iniciaram-se em 1950.
Entre 1962 e 1963 foi encontrado o Papiro15 de
Wadi Daliyyat, conhecido pelo Papiro de Samaria, daépoca persa.
Em 1964 foi descoberto o Papiro de
Ketej-Jericó da época persa-helenística.16
· Em 1991 foi descoberta a
chamada Tumba de Caifás17
Em 1993 foi descoberta a Estela de Tel
Dan:Trata-se duma pedra de basalto escuro que menciona a "Casa de
Davi", com a inscrição bytdwd, (byt casa dwd Davi).18
· Em 1996 foi descoberta a
inscrição de Ecrom (Tel Mikné) contendo o nome da cidade filistéia de Ecrome
uma lista dos seus reis.
· Em 1997 foi descoberto o antigo
monastério de Katisma.
· Em 1998 foi descoberta a
Sinagoga de Jericó datada do ano 75 a.C. (Ehud Netzer).
·Em 2001 foi descoberta a Estela
de Joás, rei de Judá.19
Em 2002 A Urna de Tiago, objeto de polêmica
desde o seu descobrimento, após muita batalha judicial, de muitas análises e
pareceres dos especialistas, foi finalmente reconhecida como legitima (o
"Tiago" é identificado como sendo Tiago, irmão de Jesus).
· Em 2007 foi encontrado o túmulo de
Herodes.
A arqueologia bíblica é também
objecto de célebres falsificações motivadas por múltiplos interesses. Uma das
mais conhecidas surgiu em 2002 quando se publicou o suposto achado de um túmulo
(ossário) com uma inscrição que dizia "Tiago, filho de José e irmão de
Jesus". Na realidade, o artefacto havia sido construído apenas vinte anos
antes, portanto numa época muitíssimo posterior. As características do objecto
encontrado não correspondiam ao padrão do Século I,21 revelando a sua falsidade
e expondo as estranhas circunstâncias relacionadas com a sua posse e
descoberta.
Etapas da arqueologia bíblica
O desenvolvimento da arqueologia
bíblica tem sido marcado por diferentes períodos da história da humanidade,
entre os quais se referem os seguintes:
·Antiguidade:
Ainda que se considere a arqueologia como uma
ciência moderna, é necessário reconhecer que muitos autores, ao longo da
história, têm contribuído com documentos valiosos que são hoje elementos de
trabalho imprescindíveis. Entre muitos destes elos históricos, os mais
importantes são Flávio Josefo, Orígenes, Eusébio de Cesareia e o Diário de
Etheria.
Mandato Britânico da Palestina:
As primeiras explorações
arqueológicas começaram no Século XIX, primeiro por parte de europeus e depois
por israelenses (ou israelitas, em português europeu). Nessa época, um dos
arqueólogos bíblicos de renome foi Edward Robinson que encontrou várias cidades
antigas. Em 1865, patrocinado pelaRainha Victoria, surgiu o Fundo para a
Exploração da Palestina (Palestine Exploration Fund). Em 1867 realizaram-se
importantes trabalhos ao redor do Templo de Jerusalém por parte de Charles
Warren e Charles Wilson. Em 1870 fundaram a Sociedade Americana de Exploração
da Palestina (American Palestine Exploration Society).
Um jovem francês de apenas 21
anos, Charles Clermont-Ganneau, chegou à Terra Santa para estudar inscrições
notáveis, tais como a Estela de Mesha na Jordânia e a inscrição do Templo de
Jerusalém. Em 1890 entraria em cena outro génio, que passaria para a história
como o "pai da arqueologia palestina", Sir Flinder Petrie, que lançou
as bases para uma exploração metodológica e deu uma grande colaboração em
tornar a análise da cerâmica numa importante pista arqueológica. Em 1889,
osdominicanos abriram em Jerusalém um centro de estudos que chegou a ocupar um
plano de primeira ordem na arqueologia bíblica, a École Biblique et
Archéologique Française24 (Escola Bíblica e Arqueológica Francesa), na qual se
destacaram M. J. Lagrance e L. H. Vincent. Guilherme II da Alemanha inaugurou
em 1898 a Deutsche Orient-Gesellschaft que contribuiu para o progresso
arqueológico como uma disciplina emergente e entusiasta ainda que, naquela fase
inicial, as investigações estivessem dirigidas apenas a demonstrações de
passagens bíblicas.
Durante o domínio Britânico da
Palestina (1922 - 1948):
A investigação e exploração da
Terra Santa aumentou consideravelmente neste período que veio a ser grandemente
influenciado pela genialidade de pesquisadores como William Foxwell Albright,
George Ernest Wright, C. S. Fischer, os jesuítas, os dominicanos e muitos
outros. Esta época de tanta actividade e avanço para a arqueologia bíblica
encerrou com chave de ouro, a descoberta de Qumrán em 1947, cujas escavações
foram dirigidas, em especial, pelo francês Roland de Vaux.
·Depois do domínio Britânico:
O ano de 1948 marcou o início de uma nova
época política e social para Terra Santa com a fundação do Estado de Israel.
Com isso, entraram em cena os arqueólogos israelenses. Numa primeira fase, as
escavações iniciaram-se especialmente no território de Israel mas, depois da
Guerra dos Seis Dias, estenderam-se também aos territórios ocupados da Judeia e
Samaria. Destaca-se o nome de Kathleen Kenyon,26 que dirigiu as escavações de
Jericó e de Jerusalém.Chrystall Bennet conduziu as escavações de Petra e da
cidadela de Amã. Destacam-se ainda os museus arqueológicos dos franciscanos e
dos dominicanos de Jerusalém.
Escolas arqueológicas
A arqueologia bíblica é matéria
de permanente debate. Um dos assuntos de maior disputa tem sido o período da
História do antigo Reino de Israel. Também, de um modo geral, a historicidade
da Bíblia tornou-se motivo de controvérsias, dividindo os estudiosos em
diferentes correntes ou escolas de pensamento, tais como o minimalismo e
maximalismo. Também, o método não-histórico de ler a Bíblia difere da sua
tradicional leitura religiosa.
Minimalismo bíblico
O minimalismo bíblico, segundo a
chamada Escola de Copenhague ou Copenhaga, enfatiza que a Bíblia deve ser lida
e analisada, no seu todo, como um conjunto de narrativas e não como uma
detalhada colecção histórica da pré-história do Médio Oriente. Em 1968, Niels
Peter Lemche e Heike Friis escreveram ensaios nos quais efectuaram uma revisão
completa do modo de se ler a Bíblia por forma a tirar conclusões históricas
dela.
G. Garbini, com a sua História e
ideologia do Israel antigo, T.L. Thompson com a sua "História antiga dos
israelitas: de fontes escritas e arqueológicas" e P.R. Davies com a sua
obra "Em busca do "Antigo Israel", construíram as bases do que se
considera ser o minimalismo bíblico. Davies, por exemplo, afirma que o Israel
histórico só pode ser encontrado nos restos arqueológicos, sendo que o Israel
bíblico se percebe somente nas Escrituras e o Israel antigo numa amálgama de
ambos. Thomson e Davies vêem oAntigo Testamento como uma criação imaginária de
uma minoritária comunidade de judeus em Jerusalém depois do período descrito na
Bíblia como o retorno do Cativeiro de Babilônia (após 539 a.C. em diante).
Para esta escola de pensamento, nenhum dos
primitivos relatos bíblicos tem solidez histórica e só alguns dos mais recentes
possuem fragmentos de uma genuína memória, sendo estes eventos os únicos
apoiados pelas descobertas arqueológicas. Em consequência, os relatos acerca
dos patriarcas bíblicos são tidos como ficção, assim como as Tribos de Israel,
que nunca teriam existido, tampouco os reis David e Saul ou a unidade da
monarquia de David e Salomão.
Maximalismo bíblico
O termo "maximalismo"
pode gerar confusão, visto que alguns o relacionam com a "infalibilidade
bíblica", doutrina que sustenta que a Bíblia é sem erro desde a sua forma
original, o que inclui os trechos que abordam temáticas históricas e
científicas. Alguns associam todos os maximalistas com essa doutrina. A maioria
dos maximalistas bíblicos aceita as descobertas da arqueologia e os modernos
estudos bíblicos, no entanto, sustentam que todo o conjunto de relatos bíblicos
são na realidade referências históricas sendo que os mais recentes livros
possuem maior solidez histórica que os mais primitivos.
A arqueologia marca eras
históricas e reinos, modos de vida e comércio, crenças e estruturas sociais. No
entanto, apenas em pouquíssimos relatos, os estudos arqueológicos apresentam
informações sobre famílias individuais não sendo possível, portanto, esperar
tais elos a partir da arqueologia. Por exemplo, actualmente não se espera que a
arqueologia apresente qualquer prova que assegure ou negue a existência dos
patriarcas.
Os maximalistas estão divididos
quanto a alguns temas:
·Uns sustentam que os patriarcas
foram na realidade personagens históricos apesar dos relatos bíblicos sobre
eles não serem sempre precisos, mesmo num sentido amplo.
· Outros afirmam que alguns ou até mesmo
todos os patriarcas podem ser classificados como personagens fictícios que
terão uma pequena relação com distantes personagens históricos.
Os maximalistas bíblicos estão de
acordo que as doze tribos de Israel existiram, mesmo que isso não signifique
necessariamente que os relatos bíblicos sobre elas correspondam à realidade
histórica. Também estão de acordo com a existência de grandes figuras como
David, Saul, Salomão, a monarquia do Reino de Israel e Jesus.
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