sábado, 3 de maio de 2014

ACONTECEU O DILUVIO?

             

                                    


                                     

                                      ACONTECEU O DILUVIO?


     Dilúvio de Noé. O registro do Dilúvio de Noé em Gênesis 6—9 levantou sérias questões nas mentes dos críticos da Bíblia, entre elas:
Como essa pequena arca poderia carregar centenas de milhares de espécies?
Como um navio de madeira flutuaria numa tempestade tão violenta?
Como a família de Noé e os animais sobreviveram tanto tempo na arca?
Espécies salvas. O primeiro problema questiona a possibilidade uma arca tão pequena carregar todas as espécies animais da terra. O consenso dos historiadores e arqueólogos da Antigüidade é que um côvado tinha cerca de 46 cm. Traduzindo as dimensões da Bíblia de acordo com essa medida, a arca de Noé teria apenas 14 m de altura, 23 de largura e 137 de comprimento (Gn 6.15). Noé recebeu ordens de pegar dois pares de cada tipo de animal impuro e sete pares de cada tipo de animal puro (6.19; 7.2). Mas os cientistas contam as espé- cies animais entre meio bilhão e mais de um bilhão.
Um desastre local? Uma explicação possível é que o dilúvio tenha sido local. Nesse caso Noé só precisa- ria repovoar a área e dispor de animais para comer e sacrificar. Como evidência de que 0 Dilúvio não foi universal, observa-se que a mesma linguagem “universal” de Gênesis 6-9 é usada em outras partes quando algo menor que o mundo inteiro é mencionado. O povo no Dia de Pentecoste é descrito como sendo “de todas as nações do mundo” (At 2.5), mas as nações citadas estão restritas ao mundo romano. Paulo fala em Colossenses 1.23 a respeito do “evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu”. O itinerário de Paulo em Atos 13-28 mostra que ele foi apenas até a região do Mediterrâneo.
E o sedimento que um dilúvio como 0 de Noé te- ria deixado só é encontrado no vale da Mesopotâmia, não no mundo inteiro. Não há água suficiente no mundo para cobrir as maiores montanhas (7.20). Algumas montanhas têm vários quilômetros de altura. Águas tão altas teriam causado problemas na rotação da terra. As montanhas na área mesopotámica não são tão altas. Finalmente, o tamanho da arca restringiria o número de espécies. As de uma área restrita seriam acomodadas mais facilmente.
Um dilúvio universal?Alguns estudiosos do at acreditam que há evidências de um dilúvio universal. A linguagem de Gênesis é mais intensa que a das referências observadas. A ordem de divina de levar animais de toda espécie não seria necessária se apenas a vida numa área geográfica limitada fosse destruída. Os animais pode- riam migrar para repovoar a região. E Gênesis 10.32 declara que o mundo inteiro foi povoado após o Dilúvio por meio das oito pessoas que foram salvas. Isso não seria verdade se as pessoas fora da região não tivessem se afogado. Pedro refere-se à salvação de apenas oito pessoas (l Ped 3.20).

O sedimento no vale da Mesopotâmia é de um dilúvio local, não do Dilúvio universal. As camadas sedimentares em todo o mundo estão abertas a interpretação, inclusive a possibilidade de uma catástrofe mundial. Também há sinais de mudanças dramáticas na posição das massas de terra do planeta. As montanhas poderiam ter assumido formas novas, muito mais elevadas por causa das forças sem paralelo atu- antes durante o Dilúvio.
A arca era grande o suficiente. Mas supondo que o Dilúvio tenha sido universal, permanece a questão de como Noé colocaria todos aqueles animais na arca. Engenheiros, programadores e especialistas em animais selvagens, todos consideraram o problema, e seu consenso é que a arca era suficiente para a tarefa. A arca era na verdade uma estrutura enorme — do tamanho de um navio moderno, com três níveis de convés (Gn 6.16), que triplicavam seu espaço para mais de 45 000 m. Isso é equivalente a 569 vagões de trem.
Segundo, o conceito moderno de “espécie” não é o mesmo que um “tipo” na Bíblia. Mas, ainda que fosse, há provavelmente apenas 72 mil tipos diferentes de animais terrestres, que a arca teria de conter. Como 0 tamanho médio dos animais terrestres é menor que o de um gato, menos da metade daoarca seria suficiente para guardar 150 mil animais — mais do que provavelmente havia. Insetos só tomam um pouco de espaço. Os animais marinhos ficaram no mar, e muitas espécies poderiam ter sobrevividos na forma de ovo. Sobraria bastante espaço para oito pessoas e a comida.
Terceiro, Noé poderia ter levado variedades mais jovens ou menores de alguns animais grandes. Dados todos esses fatores, havia espaço suficiente para todos os animais, comida para a viagem e os oito seres humanos a bordo. Navio de madeira numa tempestade violenta. A arca era feita de madeira e carregava uma carga pe- sada. Argumenta-se que as ondas violentas de um dilúvio global certamente a teriam partido em pedaços (cf. Gn 7.4,11).
A arca era feita de um material forte e flexível (cedro). Cedro cede sem quebrar. A carga pesada dava estabilidade à arca. Além disso, arquitetos navais relatam que um vagão retangular flutuante, como a arca, é o tipo de embarcação mais estável em águas turbulentas. Um ex-arquiteto naval concluiu: “A arca de Noé era extremamente estável, mais estável, na verdade, que os navios modernos” (v. Collins, p. 86). Na verdade, os navios modernos seguem as mesmas proporções bá- sicas. Mas sua estabilidade é reduzida pela necessidade de atravessar a água com o mínimo de resistência possível. Não há razão para a arca de Noé não ter sobrevivido a um dilúvio gigantesco, ou até mesmo global. Os testes de estabilidade modernos demonstraram que tal embarcação poderia enfrentar ondas de até sessenta metros e inclinar-se até quase noventa graus e voltar a se estabilizar.
Sobrevivência dentro da arca. Como todos esses animais e humanos sobreviveram mais de um ano fechados nessa arca? Há algumas divergências quanto à duração do Dilúvio. Gênesis 7.24 e 8.3 falam que as águas do Dilúvio duraram 150 dias. Mas outros versículos parecem dizer que foram apenas quarenta dias (Gn 7.4,12,17). E um versículo indica que foi mais de um ano. Esses números referem-se a coisas diferentes. Quarenta dias é o período em que a chuva caiu sobre a terra (7.12), e 150 dias é o tempo em que as águas foram baixando pouco a pouco (8.3; v. 7.24). Depois disso, só no quinto mês depois de a chuva começar a arca firmou-se no monte Ararate (8.4). Cerca de onze meses depois de a chuva começar, as águas secaram (8.13). E exatamente um ano e dez dias depois de o Dilúvio ter começado, Noé e sua família pisaram em terra seca (8.14).
Outra resposta é que os seres vivos podem fazer qualquer coisa para sobreviver, contanto que tenham água e comida suficiente. Muitos dos animais devem ter hibernado completa ou parcialmente. E Noé tinha bastante espaço para comida do lado de dentro e água abundante para pegar do lado de fora. Para comentários sobre como relatos extrabíblicos do Dilúvio e lendas do mundo antigo se relacionam ao registro da Bíblia, v. Arqueologia do Antigo Testamento; Ebla, Tabuinhas de.
BibliografiaG. L. Archer, Jr., Merece confiança o Antigo Testamento?D. Collins, “Was Noah’s ark stable?”
CRSQ, 14 (Sept. 1977).A. Custance, The flooddocal or global?G. M. Price, The new geology.B. Ramm, The Christian view of science and Scripture.A. Reiwinkel, The flood.J. Whitcomb, The world that perished.___e H. Morris, The Genesis flood.J. Woodmorappe, Noah’s ark: a feasibility study.D. A. Young, The biblical flood.FONTE: Enciclopédia de Apologética de Norman Geisler p. 285-286]]


 

As ÁGUAS do Dilúvio


Relativamente ao dilúvio bíblico, uma das coisas que os cépticos mais gostam de papaguear é: a água proveniente das nuvens não era suficiente para cobrir toda a Terra. Eles dizem também que, mesmo que tal acontecesse, a temperatura gerada mataria todos os que estivessem na arca. Também dizem que se as águas tivessem cobrido o Evereste, a pressão atmosférica mataria toda a vida marinha. Este post do blogue Ceticismo pretende “desmascarar” o dilúvio de Noé. Entre outros pontos já discutidos e refutados (Ver: Dilúvio e Arca de Noé), um dos que tem especial atenção é este da origem das águas. Uns bons 70% do post são dedicados a mostrar como a água das nuvens não poderia ter cobrido pontos altos como o Evereste.
O problema, claro está, é que este tipo de críticas ataca um dilúvio de palha. O que isto quer dizer é que os críticos criam para si o seu próprio acontecimento diluviano, que está em desacordo com o dilúvio bíblico, e depois refutam a caricatura que eles próprios criaram. Dois erros fundamentais são cometidos:
1) Assumem que a água só veio das nuvens;
2) Assumem que as formações rochosas mais altas de hoje já existiam aquando do dilúvio.
A água não veio só das nuvens
A Bíblia diz-nos de onde vieram as águas que inundaram o planeta:
No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as janelas do céu se abriram” (Génesis 7:11)
Ou seja, as águas não vieram só de cima. Também vieram de baixo. As fontes do grande abismo referem-se a uma espécie de sistema subterrâneo de reservatórios de água que, aquando do dilúvio, se precipitaram sobre a superfície terrestre. Muito provavelmente como hoje vemos os geysers actuarem.
Relativamente a isto, é interessante notar que, mesmo hoje, existe água suficientedebaixo da Terra para substituir a água dos oceanos mais de 10 vezes.
Mesmo nos oceanos temos água suficiente para cobrir toda a Terra. A superfície terrestre não está nivelada. As bacias oceânicas são extensas e profundas e as áreas terrestres são elevadas. Se a superfície terrestre estivesse ao mesmo nível, a água que temos nos oceanos seria suficiente para cobrir o globo.
Fonte: Ocean Floor Bathymetry
As águas estiveram em cima do Monte Evereste?
Eu gosto de dizer que não foram as águas que estiveram em cima do Monte Evereste mas sim que o Monte Evereste esteve em baixo das águas. Isto é, já existiam montanhas altas antes do dilúvio, no entanto, eram bem mais baixas do que as montanhas mais elevadas que existem hoje. A elevação de partes da superfície terrestre está enquadrada no modelo criacionista da Tectónica de Placas Catastrófica, proposta pelo geofísicoJohn Baumgardner (1,2).
A existência de fósseis marinhos no topo de altas montanhas como o Evereste e os Himalaias mostram isso mesmo, que eles já estiveram debaixo das águas, como podemos ver nos links abaixo:
-Existem fósseis de baleias e outros animais marinhos na Cordilheira dos Andes, na América do Sul.
-Existem fósseis de tubarões e outros animais marinhos na Cordilheira do Atlas, em Marrocos.
-Existem fósseis de animais marinhos nos Himalaias, na Ásia.
-Existem fósseis de animais marinhos no Evereste, na Ásia.
-Existem fósseis de animais marinhos em montanhas na China 
O facto de encontrarmos milhares de fósseis muito acima do nível das águas é evidência de que a terra já esteve debaixo delas. Claro que não esperem que o cético admita que tudo isto é evidência do dilúvio de Noé. Pedro diz-nos que eles de propósito ignoram que o planeta esteve coberto de água (II Pedro 3:5-6). Por outras palavras, são burros de propósito!

Salmos 104:8 dá umas luzes a respeito deste cenário: “Elevaram-se as montanhas, desceram os vales, até o lugar que lhes determinaste [*1]

               
     
         

NOÉ ARCA DO DILUVIO

                                                       





                            EXATIDÃO HISTORICA



 advogado Irwin H. Linton, no seu livro A Lawyer Examines the Bible (Um Advogado Examina a Bíblia), faz a seguinte observação: 

“Ao passo que os romances, as lendas e o testemunho falso tomam o cuidado de colocar os eventos narrados em algum lugar distante e em algum tempo indefinido, violando assim as primeiras regras que nós, advogados, aprendemos sobre o bom patrocínio duma causa em juízo, de que ‘a declaração precisa dar o tempo e o lugar’, as narrativas da Bíblia nos dão a data e o lugar das coisas narradas, com a máxima precisão.”

Para provar este ponto, Linton citou Lucas 3:1, 2. 
O escritor do Evangelhomencionou ali sete autoridades, a fim de especificar o tempo em que Jesus Cristo iniciou Seu ministério. Note os pormenores que Lucas forneceu nas seguintes palavras: “No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia e Herodes era governante distrital da Galiléia, mas Filipe, seu irmão, era governante distrital do país da Ituréia e de Traconítis, e Lisânias era governante distrital de Abilene, nos dias do principal sacerdote Anás e de Caifás, veio a declaração de Deus a João, filho de Zacarias, no ermo.”

A Bíblia está cheia de pormenores similares. Além disso, partes dela, tais como 
os Evangelhos, foram escritas num período altamente desenvolvido da cultura judaica, grega e romana. Era uma época de advogados, escritores, administradores e outros semelhantes. Certamente, pois, se os pormenores encontrados nos Evangelhos e em outras partes da Bíblia não tivessem correspondido aos fatos, teriam sido expostos como fraudulentos. Mas os historiadores seculares confirmaram pontos tais como aexistência de Jesus Cristo. Por exemplo, Tácito, historiador romano, escreveu a respeito de Jesus e Seus seguidores: “O autor deste seu nome [cristãos] foi Cristo, que no governo de Tibério foi condenado ao último suplício pelo procurador Pôncio Pilatos.” (Anais, Livro XV, 44, Clássicos Jackson) A exatidão histórica da Bíbliaajuda-nos a provar que ela é a dádiva de Deus para a humanidade.

                                          


                          A ARQUEOLOGIA E ABRAÃO

    
Um dos principais personagens da Bíblia é Abraão. Ele não é somente o antepassado de todos os escritores bíblicos, dos judeus e de muitos árabes, mas é também chamado de “pai de todos os que têm fé”. (Rom. 4:11) Além disso, os povos de todas as nações deveriam estar interessados em saber se o relato bíblico sobre Abraão é autêntico. Por quê? Porque foi a ele que Deus prometeu: “Todas as nações da terra hão de abençoar a si mesmas por meio de teu descendente.” (Gên. 22:16-18) Se quisermos estar entre “os que têm fé”, que serão abençoados por meio do descendente de Abraão, a evidência que mostra a exatidão dos pormenores fornecidos na Bíblia sobre a vida e os tempos de Abraão devia ser do máximo interesse para nós.
A Bíblia nos informa que Abraão (então chamado Abrão) foi criado em “Ur dos Caldeus”. (Gên. 11:27, 28) Trata-se duma localidade lendária? O que revelaram as picaretas e as pás dos arqueólogos? Já em 1854, J. E. Taylor identificou tentativamente Ur com Tel el-Mucaiir (“Monte de Betume”), que fica apenas alguns quilômetros ao oeste do Eufrates. Em 1869, o orientalista francês Jules Oppert apresentou um relatório ao Collége de France, em Paris, identificando definitivamente a localidade com Ur, à base de cilindros de argila com inscrições cuneiformes encontrados ali por Taylor. Daí, muito mais tarde, de 1922 a 1934 o arqueólogo britânico Sir Leonard Woolley não somente confirmou esta identificação, mas descobriu também que a cidade de Ur, abandonada por Abraão, fora uma cidade florescente e altamente civilizada, com casas confortáveis e um enorme templo-torre, ou zigurate, dedicado à adoração do deus-lua Nana, ou Sin. Por muito tempo, os historiadores haviam expressado dúvidas sobre a cidade de Ur, mencionada na Bíblia em conexão com Abraão. Mas a pá dos arqueólogos provou que a Bíblia está certa.
Os arqueólogos confirmaram também muitos dos costumes mencionados no relato bíblico a respeito de Abraão. Por exemplo, em Nuzu, ou Nuzi, antiga cidade hurriana ao sudeste de Nínive, foram encontradas tabuinhas de argila que autenticam costumes tais como: Escravos tornarem-se herdeiros de pais sem filhos (veja as observações de Abraão sobre o seu escravo Eliézer — Gênesis 15:1-4); a esposa estéril ser obrigada a prover ao marido uma concubina (Sara, ou Sarai, deu Agar a Abraão — Gênesis 16:1, 2); e as transações comerciais serem feitas junto ao portão da cidade (veja a compra do campo e da caverna de Macpela, perto de Hébron, por Abraão — Gênesis 23:1-20). Exemplos de como as escavações em Nuzi apóiam a Bíblia enchem mais de oito colunas de tipo pequeno na erudita obra francesa Supplément au Dictionnaire de la Bible. (Volume VI, colunas 663-672) A Encyclopœdia Britannica declara: “Este material de Nuzi esclareceu muitas passagens difíceis nas narrativas patriarcais contemporâneas de Gênesis.”


        A ARQUEOLOGIA CONFIRMA NOMES BIBLICAS


O arqueólogo francês André Parrot fez extensas escavações no lugar da antiga cidade real de Mari, a meio percurso do Eufrates. A cidade-estado de Mari foi uma das potências dominantes da Alta Mesopotâmia no começo do segundo milênio A.E.C., até que foi tomada e destruída pelo rei babilônico Hamurábi. Nas ruínas do enorme palácio descoberto ali, a equipe francesa de arqueólogos encontrou mais de 20.000 tabuinhas de argila. Algumas destas tabuinhas cuneiformes mencionam cidades com o nome de Pelegue, Serugue, Naor, Tera e Harã. É interessante que todos estes nomes ocorrem na narrativa de Gênesis como sendo os nomes de parentes de Abraão. — Gên. 11:17-26.
Comentando esta similaridade dos antigos nomes próprios, John Bright escreveu na sua História de Israel: “Em nenhum destes casos temos . . . uma menção sequer dos patriarcas bíblicos. Mas a profusão de tal evidência dos documentos contemporâneos mostra claramente que seus nomes se enquadram perfeitamente na nomenclatura da população amorita dos começos do segundo milênio, de preferência à de qualquer outro período posterior. As narrativas patriarcais são assim sob todos os respeitos inteiramente autênticas.”
Tão recentemente como em 1976, arqueólogos italianos e sírios identificaram no norte da Síria a antiga cidade-estado de Ebla. Igual a Mari, Ebla não é mencionada na Bíblia, mas ambos os nomes aparecem em textos antigos que remontam ao período patriarcal. Portanto, o que foi descoberto pela pá dos escavadores neste novo lugar? Na biblioteca do palácio real foram encontrados milhares de tabuinhas de argila remontando ao fim do terceiro ou ao começo do segundo milênio antes da Era Comum. O semanário francês Le Point, numa reportagem sobre esta descoberta, no número 19 de março de 1979, declarou: “Os nomes próprios são espantosamente similares [aos das Escrituras]. Na Bíblia encontramos ‘Abraão’, nas tabuinhas de Ebla, ‘Ab-ra-rum’; Esaú; — E-sa-um; Miguel — Mi-ki-ilu; Davi — Da-u-dum; Ismael — Ish-ma-ilum; Israel — Ish-ra-ilu. Os arquivos de Ebla também contêm os nomes de Sodoma e Gomorra, cidades mencionadas na Bíblia, mas cuja historicidade por muito tempo foi questionada pelos eruditos. . . . Ainda mais, as tabuinhas alistam cidades na ordem exatamente igual em que são mencionadas no Antigo Testamento: Sodoma, Gomorra, Adma, Zeboim e Bela [Gên. 14:2].” Segundo Boyce Rensberger, escrevendo no Times de Nova Iorque, “alguns eruditos bíblicos acreditam [que as tabuinhas de Ebla] rivalizam com os Rolos do Mar Morto quanto a autenticar e a aumentar o conhecimento da vida nos tempos . . . bíblicos.”




A ARQUEOLOGIA CONFIRMA OS COSTUMES DA BIBLIA



A arqueologia fez muita coisa para explicar os costumes aludidos na Bíblia, mostrando assim a exatidão do registro bíblico. Um caso em pauta é o relato de Gênesis, capítulo 31, onde se menciona que Raquel, esposa de Jacó, “furtou os terafins que pertenciam a seu pai”, Labão.(V. 19) Declara-se o motivo de Labão dar-se ao trabalho de ir no encalço de sua filha e o marido dela durante sete dias. Foi para recuperar os seus “deuses” (Vv. 23, 30) É interessante que uma descoberta arqueológica na antiga cidade mesopotâmica setentrional de Nuzi revelou a existência duma lei patriarcal, segundo a qual a posse dos deuses da família davam ao homem o direito aos bens de raiz do seu falecido sogro. Quando é lembrado que Labão era nativo do noroeste da Mesopotâmia e quão traiçoeiramente ele havia lidado com Jacó, o conhecimento desta lei lança luz sobre o estranho furto de Raquel e sobre os esforços frenéticos de Labão para recuperar os seus “deuses”. O Museu do Louvre, de Paris, exibe diversos de tais “deuses domésticos”, descobertos em diversas cidades da Mesopotâmia. Seu tamanho pequeno (de 10 a 15 centímetros) também ajuda a explicar como Raquel pôde ocultar os terafins sentando-se no cesto da sela em que estavam e negando-se a se levantar, quando Labão fez a busca. — Vv. 34, 35.

Um dos bens mais prezados do Museu do Louvre é um bloco de pedra preta de exatamente 2,25 metros de altura, comumente conhecido por “Código de Hamurábi”. Sob um relevo mostrando o Rei Hamurábi de Babilônia recebendo autoridade do deus-sol Xamaxe, há 282 leis em colunas escritas em letras cuneiformes. Visto que se diz que Hamurábi reinou de 1728 a 1686 A.E.C., alguns críticos da Bíblia afirmaram que Moisés, que registrou as leis de Israel mais de um século e meio depois, apenas plagiou o código deste rei babilônico. Desmentindo esta acusação, W. J. Martin escreveu no livro Documentos dos Tempos do Antigo Testamento (em inglês):

“Apesar das muitas similaridades, não há nenhuma base para se presumir qualquer apropriação direta pelos hebreus dos babilônios. Mesmo nos pontos em que as duas séries de leis diferem pouco na letra, divergem muito no espírito. Por exemplo, no Código de Hamurábi, o furto e a aceitação de produtos furtados eram punidos com a pena capital (Leis 6 a 22), mas nas leis de Israel a punição era a compensação. (Êxo. 22:1; Lev. 6:1-5) Ao passo que a lei mosaica proibia a entrega dum escravo fugitivo ao seu amo (Deut. 23:15, 16), as leis babilônicas puniam com a morte aquele que acolhesse um escravo fugitivo. — Leis 15, 16, 19 .”

No Supplément au Dictionnaire de la Bible, o orientalista francês Joseph Plessis escreveu: “Não parece que o legislador hebreu tenha feito uso dos diversos códigos de Babilônia e Assíria. Nada na sua obra pode ser provado como tendo sido apropriado. Embora haja similaridades interessantes, elas não são tais que não possam ser facilmente explicadas pela codificação de costumes compartilhados por pessoas da mesma origem.”

Ao passo que o Código de Hamurábi reflete o espírito de retaliação, a lei mosaica diz: “Não deves odiar teu irmão no teu coração. . . . Não deves tomar vingança nem ter ressentimento contra os filhos do teu povo; e tens de amar o teu próximo como a ti mesmo.” (Lev. 19:17, 18) Isto não somente prova que Moisés não se apropriou de nada de Hamurábi, mas a comparação entre as leis bíblicas e as inscritas nas tabuinhas e nas estelas escavadas pelos arqueólogos mostram que as leis bíblicas são muito superiores àquelas que governavam outros povos antigos.



                 A ARQUEOLOGIA CONFIRMA A BIBLIA

  

       Que dizer das Escrituras Gregas, comumente chamadas de “Novo Testamento”? Confirmou a arqueologia a exatidão desta parte importante da Bíblia? Escreveram-se livros inteiros mostrando que há tal confirmação. Já em 1890, o erudito bíblico francês F. Vigouroux publicou um livro de mais de 400 páginas intitulado “Le Nouveau Testament et les découvertes archéologiques modernes” (O Novo Testamento e as Modernas Descobertas Arqueológicas). Ele fornece nele prova abundante em apoio dos Evangelhos, de Atos dos Apóstolos e das cartas contidas nas Escrituras Gregas. Em 1895, W. M. Ramsay publicou seu livro agora já clássico S. Paulo, o Viajante, e o Cidadão Romano (em inglês), fornecendo muita matéria valiosa sobre a autenticidade das Escrituras Gregas Cristãs.

Mais recentemente, publicaram-se muitos outros livros e artigos eruditos, mostrando como a
 arqueologia tem demonstrado a veracidade da Bíblia inteira. E. M. Blaiklock escreveu no seu livro A Arqueologia do Novo Testamento, publicado em inglês pela primeira vez em 1970: “As notáveis vindicações da historiografia bíblica ensinaram aos historiadores o respeito pela autoridade tanto do Antigo como do Novo Testamento, e a admiração pela exatidão, a profunda preocupação com a verdade e a perspicácia histórica, inspirada, dos diversos escritores que deram à Bíblia seus livros de história.”





          Sim, a arqueologia claramente apóia a Bíblia!

O processo de desenredar a estrutura literária da Bíblia Hebraica e atribuir as suas partes a longa trajetória histórica acentuou a conexão íntima entre a Bíblia como coleção literária e a história do povo israelita/judaico desde o Êxodo aos tempos dos Macabeus, durante uns mil anos no todo. O próprio texto bíblico relata parte ampla dessa história, porém o faz de modo seletivo e desigual. Sabemos muito mais, por exemplo, a respeito do reino unido e de partes dos reinos divididos do que sabemos a respeito do período tribal anterior e de períodos exílicos e pós-exílicos posteriores. Além disso, é necessário levar em conta a realidade de que muita coisa da história bíblica recebeu torção moralizadora e teologizadora, ou ela é interpretada a partir da tendência de ponto de vista posterior na história.
Em consequência, os críticos históricos ampliaram a sua tarefa a fim de recuperarem tanta informação adicional quanto pudessem, não só a respeito da história das comunidades bíblicas como também a respeito da história dos povos circundantes com os quais Israel se achava em freqüente interação. Documentos esclarecedores historicamente, provindos dos vizinhos de Israel, embora raramente mencionando Israel, têm a vantagem de sobreviverem na forma em que foram primeiramente escritos, sem a espécie de expansão e revisão pelas quais passaram os materiais bíblicos (§8.1; tábua 1; §10.1). A recuperação arqueológica do material como também a cultura intelectual, incluindo uma massa sempre crescente de inscrições e de textos, ajudou muito na tarefa de reconstrução cultural e histórica (§8.2).
Tornou-se possível planejar os amplos contornos do crescimento das tradições literárias bíblicas contra um cenário histórico com eixos espaciais e temporais. O eixo temporal se estende desde a Idade do Bronze Médio (cerca de 2100-1550 a.C), como o período mais comumente admitido para os antepassados bíblicos Abraão, Isaac e Jacó (patriarcas), até a idade macabaica na Palestina (167-63 a.C), a época da composição de Daniel e de Ester, provavelmente os últimos livros a serem escritos. O eixo espacial localiza a Palestina/Canaã israelita no centro, com círculos geográficos concêntricos ou esferas que se estendem, primeiramente, à Palestina não-israelita e à Síria, depois, ao Egito e à Mesopotâmia (incluindo a Suméria, a Assíria e Babilônia), e, finalmente, à Anatólia (Ásia Menor), ao Irão (Média, Pérsia), à Arábia e às orlas marítimas do Mediterrâneo oriental incluindo a Grécia (§17.1).

  

                                   CRONOLÓGICO

 Quando se trata da arqueologia e a cronologia bíblicas

, sabemos que o texto bíblico fornece um esqueleto de informação cronológica que pode ser formado juntando as partes a partir das fontes da HD e de P. Afirma-se que Salomão iniciou a construção do templo 480 anos após o êxodo (1Rs 6,1; HD). Uma data no período de 967 a 985 a.C, para a colocação da pedra angular do templo, parece garantida. Contando regressivamente, chegamos a uma data do século XV para a saída do Egito, ca. 1447-1438 a.C. Êxodo 12, 40 (P) declara que a estada no Egito totalizou 430 anos (Gn 15,13, a partir de E, declara 400 anos), o que colocaria a descida de Jacó ao Egito no século XIX, ca. 1877-1868 a.C. Quando se computam as notas cronológicas Sacerdotais heterogêneas (Gn 47,9; 25,26; 21,5; 12,4) chegamos a uma data de ca. 2092-2083 para a partida de Abraão de Harã.

Que deveríamos deduzir desta cronologia? Para começar, é necessário tomarmos, como valor nominal, as idades excessivamente altas dos antepassados (§15.3.b). Igualmente, observa-se que os números dados no Pentateuco Samaritano divergem daqueles do Texto Massorético. Mais seriamente, situar um êxodo no século XV vai contra o quadro bíblico das condições políticas no Egito na época e também deixa de explicar por que Israel era tão pouco notado em Canaã no período de 1400-1250 a.C. Em relação com a segunda objeção, não pode ser demonstrado que os descontentes apiru, mencionados nas cartas de Amarna (tábua 1: 3B) como altamente ativos em 1425-1350, devam ser equiparados ao Israel dos livros de Josué e Juízes.
Com respeito aos antepassados, simplesmente nada existe de específico nas tradições bíblicas que possa relacioná-los com a história conhecida em ou em volta de Canaã, no período entre 2092 e 1868, quando, de acordo com a cronologia bíblica, os antepassados estiveram supostamente em Canaã. Há algumas décadas, houve um surto de agitação quando o rei Amrafel de Senaar (Gn 14,1) foi identificado com Hamurabi de Babilônia, entretanto esta equação não pôde ser mantida. Além disso, a alta data então preferida para o reinado de Hamurabi (1848-1806) foi posteriormente mudada em direção a um ou outro dos dois espaços de tempo posteriores (1782-1750 ou 1728-1686). Da mesma maneira, a tentativa de associar a ascensão de José ao serviço egípcio com a chegada dos hicsos asiáticos ao Egito na última parte do século XVIII, não é persuasiva em motivos gerais e, de qualquer maneira, fornece uma data para a descida ao Egito mais de um século posterior ao período de 1877-1868, estabelecido pela cronologia bíblica. Em resumo, a cronologia bíblica tradicional de HD e P não está confirmada em qualquer pormenor e realmente contradiz a substância dos relatos bíblicos, ao menos no tocante ao êxodo.
Na suposição de que alguns vestígios do modo de vida antigo refletido em Gn 12-50 pudessem aparecer nos restos materiais de Canaã, invocou-se livremente a arqueologia para argumentar a favor de um ou outro esquema para datar os patriarcas. O Bronze Médio I (2100-1900 a.C, denominado também bronze Médio-Bronze Primitivo Intermédios), despertou interesse em muitos estudiosos como sendo a era patriarcal, por causa da cultura não-urbana agora ricamente atestada. Este intervalo entre períodos de construção de cidades em Canaã, admite-se que indique uma incursão de populações nômades presumivelmente similares no modo de vida aos antepassados de Israel. Documentos contemporâneos da recentemente escavada Ebla, na Síria setentrional, são agora alegados por alguns a fim de reforçar a probabilidade de que o Bronze Médio I foi a legendária era patriarcal. 

O Bronze Médio II (1900-1550 a.C.) é a era patriarcal preferida para outros especialistas bíblicos. Um santuário a céu aberto em Siquém, que remonta a ca. de 1800 a.C, é associado ao culto patriarcal naquele lugar (Gn 33,18-20), e afirma-se que o modo de residência de Abraão num povoado satélite de Hebron equipara-se ao traçado da não amuralhada Givat Sharett perto de Bet-Sames (Gn 13,18). Além disso, defensores do Bronze Médio II opinam que um abaixamento da era patriarcal em dois ou mais séculos coloca os antepassados numa relação cronológica mais satisfatória com a data amplamente aceita do século XIII para o êxodo.
Em conjunto, todavia, o apoio arqueológico de uma ou outra data a favor dos antepassados tem-se revelado pouco convincente. Em primeiro lugar, a evidência não sustenta constantemente qualquer esquema de datação. Nenhum dos sítios patriarcais importantes de Bersabéia e Siquém fornece qualquer sinal de ocupação no BM I; de fato, Bersabéia parece não ter sido edificada até ca. 1200. Segundo os textos bíblicos, a localização do primitivo lugar santo israelita em Siquém não estava provavelmente dentro da cidade amuralhada, onde a instalação do culto foi encontrada pelos escavadores. Além do mais, a maioria da avaliação arqueológica recorreu a vasta superestimação do papel do nomadismo pastoril no primitivo Israel, como também a suposições muito duvidosas a respeito de como organização social nômade pastoril pode ser “interpretada” como presente nos restos materiais (§24.2.a).

Talvez muito criticamente, a arqueologia foi obrigada a carregar mais de um fardo do que ela pode possivelmente carregar ao chegar a conclusões históricas. Somente quando elementos sólidos históricos puderem ser estabelecidos nas sagas dos antepassados — através da prova histórica independente ou através de estudos literários comparativos controlados que demonstrem os pormenores históricos, pormenores que as sagas são propensas a preservar — somente então será capaz a arqueologia de oferecer apoio ou clarificação suplementares para esses elementos. Não logrando encontrar prova das inscrições relevante para os antepassados, os restos materiais ambíguos da arqueologia podem apenas associar-se aos dados ambíguos provindos das sagas para produzir ambiguidades ainda mais complexas.
Na tentativa por correlacionar texto bíblico e arqueologia a fim de situar historicamente os antepassados, a linha operante de raciocínio funciona da seguinte maneira: se elementos a e b nas sagas se consideram como sendo históricos, então elementos c e d provindos da arqueologia propendem a confirmá-los. É esta, evidentemente, uma linha bem mais fraca de argumento do que qualquer das seguintes alternativas: (1) porque elementos a e b nas sagas sabe-se, independentemente, serem históricos, portanto o seu valor histórico é elucidado ou estendido por elementos c e d a partir da arqueologia ou (2) porque elementos c e d a partir da arqueologia são historicamente seguros (e.g. prova das inscrições), portanto aos elementos de sagas idênticos c' e d' e/ou aos elementos de sagas relacionados a e b atribui-se credibilidade histórica. Até agora não é manifesto que possuamos, seja dados histórico-literários, seja dados histórico-arqueológicos que nos possibilitem raciocinar com segurança em um ou outro dos dois últimos processos.
NOTAS Arqueologia Bíblica, Werner Keller 
Os túmulos reais dos sumérios — Uma camada de lodo misteriosa — Vestígios do dilúvio sob a areia do deserto — Uma inundação catastrófica por volta de 4000 a.C.



                              NOÉ ARCA DILUVIO


E o Senhor disse-lhe (a Noé): entra na arca tu e toda a tua casa, porque, daqui a sete dias, farei chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites; e exterminarei da superfície da terra todos os seres que fiz. E, passados os sete dias, caíram sobre a terra as águas do dilúvio (Gênese 7.1, 4, 10).
Quando ouvimos a palavra “dilúvio”, pensamos quase imediatamente na Bíblia e na história da arca de Noé. Essa história maravilhosa do Velho Testamento viajou com o cristianismo através do mundo. E assim se tornou a tradição mais conhecida do dilúvio, embora não seja de modo algum a única. Nos povos de todas as raças existem diferentes tradições de uma inundação imensa e catastrófica. Os gregos contavam a lenda do dilúvio de Deucalião; já muito antes de Colombo, corriam entre os primitivos habitantes do continente americano numerosas histórias a respeito de uma grande inundação. Na Austrália, na Índia, na Polinésia, no Tibete, em Caxemira, na Lituânia, há histórias de uma grande inundação que vêm sendo transmitidas de geração a geração até nossos dias. Serão todas mitos, lendas, produtos da imaginação?
É bem provável que todas elas reflitam a mesma catástrofe universal. Mas esse formidável acontecimento deve ter ocorrido num tempo em que já havia seres pensantes que o presenciaram e lhe sobreviveram, podendo transmitir a notícia às gerações futuras. Os geólogos julgavam poder solucionar o velho enigma com o auxílio de sua ciência, apontando como causa a alternância de épocas de calor e períodos glaciários que assinalaram a evolução da Terra. Por quatro vezes subiu o nível dos mares quando começavam a derreter-se as tremendas camadas de gelo que cobriam os continentes, em alguns lugares com muitos milhares de metros de espessura. As águas de novo desencadeadas mudavam o aspecto da paisagem, inundavam litorais e vales profundos, exterminando homens, animais e plantas.
Em suma, todas as tentativas de explicação terminavam em especulações e hipóteses. Mas conjeturas são o que menos interessa ao historiador. Ele exige sempre uma demonstração clara e material. E essa não existia; nenhum cientista, qualquer que fosse a sua especialidade, pudera dá-la. E a verdade é que foi por puro acaso — isto é, graças às escavações que visavam algo completamente diferente — que se apresentou a prova insofismável da existência do dilúvio. E isso aconteceu num sítio que nós já conhecemos: as escavações realizadas em Ur!

Havia já seis anos que os arqueólogos americanos e ingleses estudavam o terreno junto ao Tell al Muqayyar, que nessa época dava a impressão de uma obra colossal. Quando o trem de Bagdá se detinha nesse local por um instante, os viajantes olhavam com espanto para os gigantescos montes de areia retirada. Trens inteiros de terra eram removidos, examinados cuidadosamente, passados na peneira; lixo milenar era manejado como se se tratasse de valioso tesouro. A atividade, os cuidados, as fadigas e o zelo de seis anos produziram uma colheita prodigiosa. Aos templos sumérios com armazéns, fábricas e tribunais, às ricas habitações dos cidadãos, seguiram-se, de 1926 a 1928, achados de tal brilho e esplendor que obscureceram tudo o que se conseguira até então.

Refiro-me aos “túmulos reais de Ur”, como batizou Woolley, na exultação da descoberta, os túmulos de sumérios notáveis cujo esplendor verdadeiramente régio foi revelado num monte de entulho de quinze metros de altura. Esse monte de entulho ficava ao sul do templo, e os túmulos estavam dispostos numa longa fila, uns ao lado dos outros.
 As câmaras tumulares de pedra eram verdadeiros tesouros: estavam cheias de todas as preciosidades de Ur. Taças e copos de ouro, bilhas e vasos de formas maravilhosas, utensílios de bronze, mosaicos de madrepérola, lápis-lazúli e prata rodeavam os mortos reduzidos a pó. Encostadas às paredes havia harpas e liras. Um moço, “herói da terra de Deus”, pois assim era intitulado por uma inscrição, tinha na cabeça um elmo de ouro. Um pente de ouro, ornado de flores de lápis-lazúli, enfeitava o cabelo da bela suméria Puabi, a “Lady Shub-ad”, como a chamaram os ingleses. Coisas mais belas não haviam sido encontradas nem mesmo nas famosas câmaras mortuárias de Nefertiti e Tutancâmon. E, contudo, os túmulos reais de Ur eram mil anos mais antigos do que aquelas!

Mas, a par das riquezas, os túmulos reais reservavam outro espetáculo sinistro e impressionante para os homens de nosso tempo — uma cena que não podemos considerar sem um ligeiro calafrio. Nas câmaras mortuárias foram encontradas parelhas de animais de tiro, os esqueletos ainda atrelados aos grandes carros carregados de artísticos utensílios domésticos. Era evidente que todo o cortejo fúnebre seguira os defuntos notáveis à morte, como deixavam perceber os esqueletos que os cercavam, com vestidos de festa e ornados de jóias. Vinte continha o túmulo da bela Puabi, e outras criptas continham até setenta esqueletos.

Que teria acontecido ali em épocas passadas? Não havia o menor indício de que aquela gente tivesse sofrido morte violenta. Tudo indicava que eles haviam acompanhado os defuntos à cripta em solene cortejo, com carros cheios de tesouros puxados por animais. E, enquanto pelo lado de fora o túmulo era emparedado, lá dentro eles oravam, pedindo o último repouso para o senhor morto. Depois tomavam uma droga, reuniam-se pela última vez em volta dele e morriam voluntariamente... a fim de poderem servi-lo também na outra vida!

Durante dois séculos, os habitantes de Ur haviam depositado seus homens notáveis naqueles túmulos. Com a abertura da mais profunda e última câmara tumular, os pesquisadores do século XX decidiram continuar com as escavações.

Com a chegada do verão de 1929, aproximava-se do fim a sexta campanha de escavação no Tell al Muqayyar. Woolley pôs mais uma vez seus auxiliares nativos a trabalhar no monte dos “túmulos reais”. Não podia descansar, queria ter certeza se a terra sob o túmulo real mais profundo poderia oferecer descobertas durante o novo período de escavações.

Depois de retirados os alicerces do túmulo; algumas centenas de golpes de pá revelaram que embaixo havia mais camadas de entulho. A que profundidade do passado chegariam aqueles mudos cronômetros? Quando surgiria, debaixo daquela colina, a primeira povoação assente em solo virgem? Era isso o que Woolley queria saber! Lentamente, com muito cuidado, a fim de ter certeza, mandou abrir poços e ficou ali para examinar as camadas extraídas. “Quase imediatamente se fizeram descobertas que confirmaram nossas suposições”, escreve ele mais tarde em seu relatório. “Sob o pavimento dos túmulos reais foram encontradas, numa camada de cinzas de madeira, numerosas tabuinhas de terracota cobertas de inscrições dum tipo muito mais antigo que as encontradas nos túmulos. A julgar pela escrita, as tabuinhas poderiam ser situadas mais ou menos no século XXX a.C. Deviam ser, pois, uns duzentos ou trezentos anos mais antigas do que os túmulos.”

À medida que se aprofundavam os poços, apareciam novas camadas com cacos de cântaros, potes, tigelas. O fato de a cerâmica continuar extraordinariamente inalterada chamou a atenção dos exploradores. Parecia ser exatamente igual às peças encontradas nos túmulos reais. Donde se concluía que, durante muitos séculos, a civilização dos sumérios não sofrera modificações dignas de nota. Devia ter atingido um alto grau de desenvolvimento em tempos muitíssimo remotos.

Quando, depois de muitos dias, um dos trabalhadores gritou para Woolley que haviam chegado ao fundo, ele desceu lá pessoalmente para se certificar. Com efeito, ali terminava bruscamente todo e qualquer vestígio humano. No solo intacto, repousavam os últimos fragmentos de utensílios domésticos; aqui e ali havia vestígios de fogo. “Finalmente!”, pensou Woolley. Com cuidado, examinou o solo do fundo do poço e viu que era limo, puro limo do tipo que só se formava pela sedimentação na água! Limo naquele lugar? Woolley procurou uma explicação. Só podia ser areia de rio, uma acumulação de aluviões do Eufrates em outras eras. Aquela camada devia ter-se formado quando o grande rio estava avançando seu delta mais para o interior do golfo Pérsico. Até hoje continua esse avanço da foz do rio para o golfo, onde a nova terra se estende cerca de vinte e cinco metros a cada ano mar adentro. Quando Ur estava em seu apogeu, o rio Eufrates passava tão perto dela que a grande torre escalonada se espelhava nas suas águas, e do alto do seu santuário devia avistar-se o golfo Pérsico. As primeiras habitações deviam ter sido construídas sobre o limo do antigo delta.

Medidas realizadas no terreno e cálculos feitos com mais cuidado levaram Woolley a um resultado completamente diverso e a nova conclusão:


“Vi que estávamos num nível muito alto. Era difícil de aceitar que a ilha sobre a qual fora construída a primeira povoação se elevasse tanto acima da várzea.”

O fundo do poço, onde começava a camada de limo, ficava muitos metros acima do nível do rio. Não podia ser, portanto, aluvião do Eufrates. Que significava, pois, aquela extraordinária camada de limo? Como se formara? Nenhum dos seus colaboradores conseguiu dar uma resposta conclusiva. Continuaram, pois, aprofundando o poço. Superexcitado, Woolley observava, enquanto cesta após cesta ia saindo da escavação e o conteúdo era imediatamente examinado. As pás continuaram cavando, um metro, dois metros... era ainda puro limo. A cerca de três metros de profundidade, a camada de limo terminou tão bruscamente como havia começado. Que viria a seguir?

As cestas que apareceram à luz do dia, a seguir, deram uma resposta que nenhum daqueles homens podia ter imaginado. Não podiam acreditar no que viam. Esperavam terra virgem, mas o que lhes aparecia ali sob o sol implacável era novo entulho, depois mais entulho, detritos de outrora, e, entre eles, numerosos cacos de barro. Sob uma camada de quase três metros de puro limo, topavam de novo com restos de habitações humanas. Mas tanto o aspecto como a técnica da cerâmica haviam mudado notavelmente. Acima da camada de limo, havia bilhas e escudelas evidentemente feitas no torno; aquelas, ao contrário, eram ainda modeladas à mão. Por mais que fosse peneirado com cuidado o conteúdo das cestas, sob a crescente expectativa dos homens, não se descobriram restos de metal em parte alguma. A ferramenta primitiva que apareceu consistia em sílex polido. Devia ser da Idade da Pedra!

Naquele dia, um telégrafo da Mesopotâmia transmitia para o mundo a mais extraordinária notícia que ouvidos humanos já ouviram: “Descobrimos o dilúvio!” A tremenda descoberta realizada em Ur ocupou as manchetes da imprensa dos Estados Unidos e da Inglaterra.

O dilúvio — essa era a única explicação possível para a enorme jazida de lama sob a colina de Ur que separava nitidamente duas épocas humanas. O mar havia deixado aí seus vestígios incontestáveis sob a forma de restos de pequenos animais marinhos. Woolley quis ter certeza o mais depressa possível. Podia ser que um acaso — se bem que improvável — tivesse iludido a ele e aos seus colaboradores. Mandou escavar um poço a uns trezentos metros do primeiro.

As pás puseram a descoberto o mesmo perfil: cacos de olaria, camadas de limo, restos de objetos de barro moldados à mão.

A fim de afastar toda e qualquer dúvida, mandou finalmente escavar ainda outro poço na massa de escombros, num lugar onde as habitações humanas se erguiam sobre uma colina natural; portanto, em camadas situadas acima do depósito de limo.

A uma profundidade mais ou menos igual àquela em que nos dois outros poços acabavam de repente as vasilhas feitas no torno, aí também deixaram de aparecer. Imediatamente abaixo, seguiam-se vasilhas feitas à mão... exatamente como Woolley imaginara e havia esperado. Somente aí faltava, naturalmente, a camada de limo divisória. “Cerca de cinco metros abaixo de um pavimento de tijolos”, observa Woolley, “a que podíamos atribuir com relativa segurança a data de 2700 anos a.C, encontramos as ruínas daquela Ur que existira antes do dilúvio.”

Até onde se estenderia a camada de limo? Que regiões teriam sido abrangidas pela catástrofe? Uma pesquisa regular dos vestígios da grande inundação está sendo levada a efeito atualmente, em outros sítios no sul da Mesopotâmia. Outros arqueólogos descobriram em Kish, ao nordeste da antiga Babilônia, onde o Eufrates e o Tigre, fazendo grandes curvas, se aproximam um do outro, um novo e importante ponto de referência. Em dado momento, toparam com uma camada de terreno de aluvião, se bem que aí tenha apenas meio metro de espessura. Por meio de sondagens, consegue-se estabelecer a extensão geral da enorme inundação. Segundo Woolley, a catástrofe cobriu, ao nordeste do golfo Pérsico, uma extensão de seiscentos e trinta quilômetros de comprimento por cento e sessenta de largura. Visto no mapa, foi apenas um “acontecimento local”, como diríamos hoje... mas para os habitantes daquelas bacias, essa região era todo o seu mundo.

Após inúmeras pesquisas e tentativas de interpretação sem resultados concretos, havia muito que se tinha abandonado a esperança de solucionar o grande mistério do dilúvio, que parecia recuar para épocas remotíssimas, insondáveis para o homem. Então, eis que o trabalho incansável e seguro de Woolley e de seus colaboradores produzia para os cientistas um resultado espantoso: não só fora descoberta uma imensa e catastrófica inundação que lembrava o dilúvio da Bíblia, freqüentemente considerado pelos céticos como lenda ou fantasia, mas agora se apresentava como acontecimento ocorrido numa época histórica determinável.

Ao pé da velha torre escalonada dos sumérios, em Ur, no baixo Eufrates, podia-se descer por uma escada ao fundo de um estreito poço e ver e apalpar os restos de uma imensa inundação — uma camada de limo de quase três metros de espessura. E, pela idade das camadas que indicavam estabelecimentos humanos e nas quais se podia ler o tempo como num calendário, podia-se também determinar quando ocorrera essa inundação.

Obviamente, na época de Woolley, a tendência de atribuir interpretações dramáticas a resultados de escavações arqueológicas era bem mais acentuada do que hoje, visto que, pouco depois de Woolley, outro arqueólogo, Stephen Langdon, anunciou que ele, por sua vez, teria encontrado em Kish (portanto, na Babilônia) “o vestígio material do dilúvio”, no que foi amplamente apoiado pela imprensa. Todavia, o azar de Langdon, ou também de Woolley, foi o de não coincidirem as datações das duas catástrofes de inundação. Qual dos “dilúvios” era, então, o legítimo, o bíblico? Woolley protestou energicamente contra as pretensões de descoberta levantadas por Langdon, e houve acalorados debates que, no entanto, não incomodaram alguns autores, como Sir Charles Marston, os quais opinaram que tanto Woolley quanto Langdon teriam descoberto, simultaneamente, “os sedimentos oriundos do grande dilúvio”.

Entrementes, os ânimos amainaram e prevaleceu o raciocínio sóbrio, objetivo. Os pareceres críticos dos cientistas permitem deduzir quatro pontos principais:


— Dos cinco poços abertos por Woolley, somente dois apresentaram a camada de limo do dilúvio;

— Em Ur, a inundação não provocou o abandono das habitações; ela não deixou sequer uma lacuna demográfica;

— Embora vestígios do dilúvio fossem encontrados também em outros sítios na Mesopotâmia, como, por exemplo, em Kish, conforme mencionado acima, bem como em Fara (Shuruppak,) Nínive e Uruk, deixaram de ser localizados nos pontos onde deveriam existir, caso em alguma época toda a Mesopotâmia tivesse sido inundada;

— Há igualmente discrepâncias quanto à localização no tempo, em parte consideráveis, entre os vestígios do dilúvio trazidos à luz do dia nos diversos sítios de escavação, datados de períodos bem diversos, por vezes separados por séculos.

Em outras palavras, evidentemente, o “dilúvio” de Woolley não tinha importância suficiente para ser considerado o “dilúvio” bíblico, a não ser pela suposição de que uma das catastróficas inundações arqueologicamente comprovadas na “terra entre os rios” tivesse atingido os habitantes da Mesopotâmia contemporânea, a ponto de, com forte dose de exagero, dar origem à tradição do cataclismo que aniquilou toda a humanidade. É lógico que isso não passa de mera conjetura, continuando por enquanto “sem elucidação arqueológica” a inundação em proporções inimagináveis, conforme a descrita pela Bíblia. Assim, continua também em aberto a pergunta: se todos os diversos relatos do “dilúvio”, existentes praticamente em toda parte ao redor do globo, descrevem somente uma experiência primária, coincidente, do homem com o fenômeno do “dilúvio”, e então todos os relatos da catástrofe pertinentes e tradicionais teriam sido meramente englobados, ou seja, inflados por várias descrições da “maior de todas as inundações”, ou se, por outro lado, não se trataria de tradições muito mais antigas, datadas de milênios antes do dilúvio de Ur descoberto por Woolley, recuando no tempo até as etapas glaciais, quando as gigantescas geleiras se derreteram, os oceanos do mundo subiram duzentos metros e estabeleceram-se definitivamente os limites hodiernos entre a terra firme e o mar. Este era um evento de conseqüências universais, capaz de explicar por que tantos povos conservaram as tradições do dilúvio. A seguir, falar-se-á de uma daquelas tradições do dilúvio em paralelo com as da Bíblia, e a qual, por sua vez, também procede exclusivamente das chamadas “terras bíblicas”.


FONTE: E a Bíblia tinha razão... de W. Keller, cap. III.


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